domingo, 31 de agosto de 2008

BUROCRACIA: UM OBSTÁCULO AO DESENVOLVIMENTO

Vários procedimentos exaustivos, às vezes sem um nexo, seja um indivíduo, ou até empresas, no fito de lograr êxito numa determinada pretensão. Talvez esta pudesse ser uma síntese de algo que muitos têm pavor, especialmente pela falta de eficiência dos órgãos governamentais brasileiros: a burocracia.

Não se trata de uma crítica da burocracia necessária, como no caso de uma compra e venda mercantil, o vendedor fornecer um recibo de pagamento e entrega da coisa determinada, mas do que muitos chamam de burrocracia. Sim, aquela que dificulta tudo, com a obrigação de preenchimento de diversos formulários (muitas vezes mal informados pelo servidor em atividade), comparecimento em diversos estabelecimentos, pagamento de taxas, entre outros, afetando, entre outros, o funcionamento da economia, posto que o produto nacional acaba se tornando mais caro e menos competitivo, o que em tempos de globalização é algo fatal.

E o nosso sistema jurisdicional? Estático até ser provocado, quando observada a existência de algum ato lesivo a alguém, seja ele Estado ou pessoa física, para entrar em funcionamento? Ele por si só já é muito lento, salvo algumas exceções, devido ao excesso de ações ajuizadas, diferentemente de países orientais como o Japão e China, onde fazer uso da justiça é motivo de vergonha e em casos extremos, o suicídio (por mais estranho que pareça, é verdade!), devido à cultura rígida e de respeitar à ordem social local. No Brasil, todo mundo quer dar um jeitinho ou acha que tem um direito maior que o outro.

O que irrita tanto, ás vezes não é compreendido pela carência no setor público, pois a burocracia é feita para controlar, seria uma ordem, que em tese tenta evitar a ocorrência de algo tão comum no Brasil, que é a fraude. São diversas solicitações para se obter um simples extrato na Receita Federal, fora pessoas que tem que perder uma manhã ou dia inteiro para TALVEZ conseguirem a informação que lhe é de direito.

Na verdade, a burocracia brasileira se perdeu e se resumiu numa assinatura de um documento ou formulário, mesmo que sem qualquer sentido, onde há a possibilidade de não se conseguir obter o que se deseja depois de uma longa e árdua espera. Enquanto isto, empresas continuam fechando as portas, pessoas perdendo empregos, a miséria aumentando e investidores estrangeiros com medo de injetar dinheiro no País. E quanto à população brasileira? Permanece iludida e conformada com tudo que se vê.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

PERNAMBUCO E RIO GRANDE DO SUL: IRMÃOS SEPARADOS PELO BRASIL.


Dois povos e muitas semelhanças. Um no extremo sul e outro no Nordeste de um país continental. Uma história repleta de lutas e batalhas com movimentos separatistas. Seja no aspecto futebolístico ou no orgulho pela terra, o gaúcho e o pernambucano tem muito mais em comum do que eles mesmos imaginam.

Para entendermos um pouco mais sobre essas semelhanças, deve-se voltar no tempo, no período colonial quando surgem dois movimentos no País. De um lado, no Nordeste, a chamada Confederação do Equador que se apoiava em ideais revolucionários, separatistas, em represália a política centralizadora adotada pelo governo do Don Pedro I, quando dissolveu a assembléia constituinte e surgiu a primeira Constituição nacional.
Afora o clima de revolta da população local, os jornais da época, liderado por Frei Caneca, criticavam e pareciam pôr mais lenha na fogueira deste movimento separatista, inclusive no Recife se ignorando a nomeação de Presidências para a Província de Pernambuco. A partir daí, fora nomeado um mineiro casado com filha de pernambucanos, que se recusou a assumir a presidência do estado, surgindo daí um conflito armado que era inevitável.
Finalmente, em 02 de julho de 1824, fora proclamada a Confederação do Equador, dando origem a um velho sonho de autonomia desta região do país, em detrimento a toda política centralizadora no Rio de Janeiro.
Anos depois e longe dali, surge a Revolução Farroupilha, que foi uma guerra regional contra o governo imperial brasileiro, onde o hoje Estado do Rio Grande do Sul, se declarou independente, dando origem a chamada República Rio-Grandense, sendo este o maior conflito armado que existiu no continente sul-americano.
Coincidentemente, um dos motivos que levaram ao movimento no sul do Brasil, foi justamente a constituição que tinha com fulcro a centralização do poder, imposto pelo governo do D. Pedro I. Após sangrentas batalhas, foi proclamada a República Rio-Grandense, e surgiu daí a famosa bandeira tricolor gaúcha, nas cores vermelha, amarela e verde, bem como hino gaudério, também cultivado até os dias de hoje, que na época era o hino nacional deles.
Movimentos separatistas importantes e de notável respeito e conhecimento no Brasil todo. O que espanta, é que séculos e anos depois, o que deu ensejo a tais movimentos ainda continua presente no país, com o Rio de Janeiro e São Paulo, em especial, discriminando o resto do território nacional, caracterizando de certo modo uma centralização política.

Algumas curiosidades entre os dois estados são evidentes, como a criação da maior empresa aérea do país: a Varig. Seu fundador buscou montar a empresa em Pernambuco, mas fora expulso por dívidas na terra do frevo, culminando anos depois, com a fundação da empresa no Rio Grande do Sul, berço da aviação brasileira.

Pesquisas do Ibope revelam o alto grau de participação dos gaúchos e pernambucanos na escolha de seus líderes, onde há um movimento político muito forte, talvez pelos bairrismos locais. Outra curiosidades do Ibope, seriam as torcidas dos times de futebol locais. Recife e Porto Alegre são curiosamente as ÚNICAS CAPITAIS, que não torcem clubes do eixo Rio – São Paulo, como Corinthians e Flamengo, por exemplo, os times locais são as maiores torcidas.
Por incrível que pareça, Porto Alegre e Recife são cidades parecidas! Sim, com a diferença do clima e do litoral recifense, em relação ao Rio Guaíba, em Porto Alegre. Se dermos um passeio pelos TAMBÉM nobres bairros dos Aflitos, em Recife e Moinhos de Vento, em Porto Alegre, nem parece que são cidades diferentes, o cenário é muito semelhante. E o que dizer da entrada de Porto Alegre? Muito parecida com a entrada do Recife.

E os dialetos dos gaúchos e dos pernambucanos? Sim, desde o “Oxe” ao “Bah”, do pão francês, que é conhecido como “cacetinho” pelo porto-alegrense ou simplesmente estar sem dinheiro, que para o recifense seria “estar liso”.

Pois é... características que tornam gaúchos e pernambucanos, dois povos irmãos, bairristas e muito mais próximos do que imaginam. E se você tem dúvida para onde viajar nas próximas férias, “Oxe, tu não me desaponta guri, e pega logo um quero-quero da Varig, bichinho! Vai para Porto Alegre no inverno, e depois para Recife no verão, tchê!”

APAIXONADO POR AVIAÇÃO COMERCIAL


Sempre me perguntam: “Por que tu gostas de aviões?” e a pergunta ecoa como complexa no meu ser. Realmente é difícil analisar toda essa paixão que eu tenho por essas obras primas voadoras.

Ainda sem saber responder e talvez influenciado por um passado e um presente repleto de viagens, desde muito novinho. Por outro lado, não é difícil reparar a beleza dessas aeronaves.

Mas, encaremos os fatos, os aviões são as máquinas mais belas construídas pelo ser humano. Sem dúvida nenhuma, muito mais que os carros. Esses são apenas seres inferiores e condenados a uma existência apenas num plano terreno, a não ser que tu resolvas testar jogar o carro do alto de uma montanha pra ver o que ele é capaz, sem se quebrar no solo. As aeronaves não: usam de suas linhas para alçar longos vôos a velocidades incríveis, distanciando cada vez mais dos carros e seus próprios criadores, que acabam por ficarem mudos admirando a beleza deles no solo, enquanto eles voam MUITO alto.

Ao entrar num avião, além de toda a sua beleza arrasadora, nós acabamos por perceber como somos insignificantes diante do tamanho da cada máquina daquela e que somos apenas seres terrenos, limitados, enquanto as aeronaves são PLENAS. Seria um fascínio que beira o sensual, de certo modo, até mesmo feminina.

É bem verdade o que um grande amigo meu de Porto Alegre, falou certa vez: “Aviação é algo fascinante, admiro muito tudo isto, porém é algo que também causa espanto e medo”. E é uma verdade. Pesquisas comprovam que 33%, ou seja, 1/3 dos passageiros têm medo de voar, embora nem todos confessem, o que nos leva a outro fator muito importante, a segurança, ou a imagem que as belas aeronaves ou a empresa de posse delas passam, que seria algo fundamental.

No Brasil, a Varig, mesmo com toda sua crise é um sinônimo de beleza, segurança e acima de tudo, compromisso com o cliente. Uma união que mesmo em tempos de grande crise financeira, a força do nome e a beleza de seus poucos jatos ainda são garantia de conforto psicológico e pessoal.

E falando da Varig, volto ao início de tudo. Por que eu gosto de aviões? Ora, fora tudo isto que já foi elencado acima, a Varig sempre foi sinônimo de grandeza, de aviões maravilhosos e lindos. Lembro-me da época que embarcava nos velhos 727 pela escada de trás, na bunda do avião nas viagens pelo Brasil, mas principalmente para São Paulo e Rio de Janeiro.

Lembro-me que a cada retorno de viagem, (como ainda acontece hoje em dia) eu torcia para que chegasse logo a próxima viagem, para tentar voar em toda a frota da Varig. Sempre sonhei em voar nos “triple seven” (Boeing 777), fato que um outro amigo meu, desta vez de Recife, conseguiu, e mesmo não gostando de aviação definiu o que seria voar nele: “Tico, esse novo avião da Varig é o que eu posso chamar de orgasmo em aviação. Eu tinha tudo que eu queria a bordo, televisão individual com acesso a internet, entre outras coisas”.

Eu poderia falar da beleza das agora extintas, aeronaves da Cruzeiro do Sul (pra mim os aviões mais bonitos a cruzar os céus do Brasil) e que graças a Deus tive a honra de embarcar em seus 727, 737 e A300 para vários lugares no Brasil, mas, acima de tudo eram vôos da Varig, que respeitava as cores da empresa antes rival. Quem não lembra da Trans Brasil? Com aqueles aviões coloridos? Quem viveu a época lembra que cada avião tinha a asa de uma cor. Lembro-me de um vôo entre Recife e Salvador em 1996, eu embarquei na 1ª classe de Boeing 767, de prefixo PT-TAA, de asas azuis e tive o prazer de acompanhar o pouso dentro do cérebro dessa máquina, na cabine de comando. Lamentavelmente, esta aeronave está abandonada no aeroporto de Brasília.

Lembro-me em 1998, em mais uma viagem que a Varig me conduziu, desta vez pra longe, para os Estados Unidos. A euforia não estava apenas no destino final, que era Nova York, mas em qual avião eu iria viajar. Naquele ano, a Varig mudara seu esquema de pintura tradicional de anos para um mais discreto e moderno. E eu tive a oportunidade de embarcar justamente no DC-10 que ostentava as novas cores (daquela época). E a volta? Eu sabia que iria voltar em mais um DC-10, mas fiquei no aeroporto John F. Kennedy admirando ao meu redor muitas aeronaves maravilhosas, até o momento que aparece no terminal aquele “pássaro” que iria me levar de volta até o Rio de Janeiro. Curiosamente, o avião que me fez brilhar os olhos, pois eu já tinha “encontrado” ele anos antes. Quem não lembra da volta da Seleção Brasileira tetra-campeã mundial de 1994, no Recife? Quem não lembra do vôo rasante do piloto na praia de Boa Viagem? Pois é! Aquele mesmo avião foi o que me conduziu com segurança ao Brasil, um belo DC-10-30, meio surrado por dentro, de prefixo PP-VMB. Nunca poderia imaginar que aquele avião que eu estava encantado anos antes, seria o mesmo que eu viajaria.

Talvez eu tenha motivos de sobra para ser apaixonado por aviação, mesmo quando não estou a bordo. É mágico um pedaço de metal ser guiado com tanta leveza, de forma sutil e macia, mesmo quando os céus tentam dar uma balançada, a gente continua surfando nos domínios de Deus. Voando como pássaros. Para mim, viajar de avião não é unicamente entrar e sair, mas em degustar a viagem, como um bom vinho. Quanto à Varig, posso afirmar que ao longo de minha vida me proporcionou algo muito valioso, que ela com todos esses problemas, será a minha escolha, mesmo que opere apenas uma aeronave. Parece ridículo, mas falar em aviação seria sempre lembrar da Varig, foi aí que tudo começou, num simples gibi do Variguinho, que voltou a ser editado (graças a Deus). Espero que num futuro próximo, meus filhos possam ter a oportunidade de sentir o mesmo que eu senti voando pela Varig. Quanto às outras empresas? Depois da Varig, são apenas... outras.

Vinícius de Moraes, em algumas oportunidades já dizia: “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”. É... acho que ele tem razão... como na terra, nos céus!