sexta-feira, 2 de outubro de 2009

1997. QUANTO TEMPO DURA UMA ESPERA?

Quanto tempo dura uma espera? Hoje vou fazer um flashback até o ano de 1997 quando a caminho de Nova York, uma dessas longas conexões, passei o dia todo na “cidade maravilhosa”.


A cidade respirava a empolgação por sua primeira candidatura aos jogos olímpicos e claro havia vários bonés e camisetas de incentivo a esta empreitada fluminense para sede das Olimpíadas do ano 2004. Eu, um adolescente magrelo, empolgado com tudo, após almoçar no restaurante Porcão, resolvi comprar um boné e uma camiseta dessas. Inclusive, embarquei no vôo 860 da Varig, para Nova York com essa propaganda do Rio.

O tempo passou, eu fui e voltei dos Estados Unidos, encantado e fiquei com aquela emoção de poder não tão distante daquele ano de 1997, uma Olimpíada ainda jovem, curtindo assim toda a festa e alegria do povo. Mas, não deu! Atenas foi a cidade escolhida.

Anos depois, em meados de 1999, em mais uma dessas idas até Buenos Aires, criei uma admiração não só pela cultura argentina, mas pelo time do Boca Júniors. Comprei bermuda, camisa de jogo e treino, tudo que se pode imaginar! E fiquei imaginando como seria ver meu time do coração, o Sport Club do Recife, jogar contra o Boca na Bombonera, fosse na Libertadores da América ou qualquer outra competição sul-americana... era outro sonho de jovem!

O tempo passou, fui ficando mais velho, vendo mais Olimpíadas: Sidney, na Austrália (2000), Atenas (2004), Pequim (2008) e agora teremos Londres (2012). Quatro jogos olímpicos, somando um total de 16 anos até a espera para a cidade do Rio de Janeiro ser sede, e mais 11 anos para ser escolhida como sede. 16 anos! Era a idade que eu tinha naquele ano 2000, cheio de empolgação pela possibilidade de ver aqui no meu país tamanha celebração esportiva.

Noutra senda, o meu Sport conseguiu voltar à uma competição sul-americana, depois de muito tempo em sua história e depois de uma espera pessoal de 10 anos. Mas, foi maravilhosa a participação, até pro Chile fui acompanhar o glorioso! Apesar de não ter enfrentado o Boca Júniors e o gostinho de quero mais, fica a certeza que dias melhores virão.
Então volto a questionar: quanto tempo dura uma espera?

Um ano? Dois anos? Que tal dez anos? Acho que talvez não seja importante mesmo, uma vez que as coisas acontecem quando devem acontecer. Apesar de ser chato o aguardo por algo que queremos muito, fica a certeza que um dia vai acontecer e quando isso acontecer, pode ser emocionante, como foram esses dois momentos meus e talvez mais prazeroso do que quando queríamos inicialmente.

Parabéns Rio de Janeiro, parabéns Brasil. Fica aqui a esperança de que com Olimpíadas e Copa do Mundo, o nosso país se desenvolva como será inevitável e se modernize como as grandes potências mundiais.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

"FÁCIL"

Bom, eu prometi que ia voltar a escrever... Mas, enquanto a inspiração não chega, e diante de um belo texto do Carlos Drummond de Andrade, resolvi movimentar esse blog! Mas, em breve novas crônicas, prometo.

"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo,
mas com tamanha intensidade, que se petrifica,
e nenhuma força jamais o resgata!

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência.
Acenando o tempo todo,
mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é segui-las.
Ter a noção exata de nossas próprias vidas,
ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que deseja saber..
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta.
Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma.
Sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém.
Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto.
Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer "oi" ou “como vai”?
Difícil é dizer "adeus".
Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida.
Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só.
Amar de verdade, sem ter medo de viver,
sem ter medo do depois.
Amar e se entregar.
E aprender a dar valor somente a quem te ama.

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por gestos e atitudes o que realmente queremos dizer,
o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá...

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros,
ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso.
E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer.
Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece,
te respeita e te entende.
E é assim que perdemos pessoas especiais."

(Carlos Drummond de Andrade)